quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O HISTORIADOR, de Elizabeth Kostova


O Historiador (Editora Suma) é um livro com qualidades. Seria tolice dizer o contrário, já que é extremamente bem escrito, amarrando de forma eficaz a parte ficcional com os dez anos de pesquisas da escritora Elizabeth Kostova, que desde criança desejava escrever um livro ao estilo de Drácula. A obra chegou a ficar na lista dos mais vendidos do New York Times e foi nomeada Livro do Ano pelo Book Sense, sendo extremamente elogiada pela imprensa especializada norte-americana, com exaltações como "eletrizante", "inteligente" e "impossível de largar". Bem, eu concordo que é inteligente, mas o resto...

A trama acompanha as desventuras de uma jovem em busca de seu pai, que desapareceu após realizar profundas pesquisas sobre o mito de Vlad, o Empalador (vocês sabem de quem estou falando...). O historiador acreditava que o mítico personagem ainda estava vivo, e que sua maldade deveria ser erradicada da face da terra. Assim, por meio de pesquisas e buscas em mosteiros, bibliotecas empoeiradas em universidades, viagens à Budapeste, Istambul e confins da Europa oriental, vamos descobrindo cada vez mais detalhes sobre o mito de Dracula, assim como pistas sobre sua ação nefasta nos dias de hoje e sobre o provável (e terrível) destino do pai da personagem central.

De certa forma, o livro homenageia muito bem o estilo de Bram Stoker, já que muitas vezes a história se desenrola através de cartas e anotações; cada localidade visitada é descrita nos mínimos detalhes, com pormenores históricos enumerados de forma quase obsessiva. É aí que está um dos grandes problemas da obra, que funciona muito mais como um guia turístico do que como um romance de terror (ou qualquer outro gênero). Sim, a presença do suposto vampiro é sentida no decorrer da obra, porém isso não é o bastante para espantar o inevitável tédio em ler 541 páginas descrevendo com exatidão os caminhos, construções, história antiga, os melhores pratos de cada restaurante, etc. E vejam, não estou criticando o uso desses recursos, que quando utilizados na medida certa, dão vida e verossimilhança à trama. O problema é que Elizabeth Kostova não soube dar o equilíbrio adequado à sua história, privilegiando aspectos históricos e geográficos em detrimento da trama, do suspense e do horror. O livro seria melhor caso fosse mais curto. Bem mais curto.

A obra é bastante comparada aos livros de Dan Brown, devido à estrutura "busca de pistas em uma corrida contra o tempo"; porém, ao contrário do dinamismo do autor de Código da Vinci, cujos livros podem ser lidos em um ou dois dias, O Historiador é uma leitura pesada, que demanda mais esforço e paciência. Dependendo do gosto do leitor, isso pode parecer uma vantagem, mas na opinião deste que vos fala, uma leitura que demanda esforço não é uma boa leitura (ou ao menos, não é uma leitura que alcança o seu principal objetivo, o de entreter); acredito que informações técnicas devem ser passadas na medida certa, sem exageros.

Tudo isso poderia ser (meio) perdoado caso o final do livro fosse absolutamente avassalador... quero dizer, depois de tanta enrolação, o leitor MERECE um desfecho surpreendente e espetacular, certo? Parafraseando o Lex Luthor de Superman Returns: WRONG! O final acaba de maneira rápida e simplista, de uma forma absolutamente anti-climática. A escritora foi concisa na única parte que demandava mais detalhes, o que é absolutamente revoltante para quem se arrastou por tantas páginas (e páginas com letras minúsculas!).

Apesar dos pesares, há aspectos elogiáveis na obra: a história dos pais da personagem principal é até interessante e bem "romanticuzona", aos poucos vamos descobrindo como o casal se conheceu, como começaram a fazer pesquisas sobre Vlad e, principalmente, como ocorreu a morte da mulher; o desenvolvimento dos personagens é coerente, embora falte carisma e senso de humor a quase todos; as poucas aparições da suposta ameaça são bem bacanas, mas nada tão assustador quanto a crítica dita especializada faz parecer. De fato, um dos aspectos menos presentes no livro é justamente o terror (o que, convenhamos, é uma grande defeito). E pensar que tem gente que diz que a obra é melhor que Drácula! Considero isso uma heresia, e olha que nem sou muito fã da obra de Bram Stoker (mas respeito imensamente, que fique bem claro).

Obviamente, minhas críticas são bastante subjetivas, e talvez meu pouco interesse em história e geografia tenham contribuído para a falta de empolgação com o livro (por exemplo, sempre gostei das didáticas obras de Michael Crichton, provavelmente por me interessar muito mais pelos temas científicos propostos pelo autor). Mas enfim, resenhas sempre refletem a opinião pessoal de seus autores, então esta aqui não poderia ser diferente.

Concluindo, fica a dica: se você é fascinado por história e geografia, e não se importa com páginas e páginas de descrições tão longas quanto a Grande Muralha da China (em detrimento do suspense e do horror), O Historiador é o livro certo para você. Conforme falei no início dessa resenha, é um livro com qualidades. Pena que tais qualidades talvez não sejam suficientes para todo aficionado pelo gênero terror.

Abraço!

5 comentários:

  1. Olá, Mario! Achei interessante o livro, realmente é repleto de pesquisa. Dá impressão de que o leitor tem a oportunidade de fazer um verdadeiro turismo pelas paisagens e paises descritos pelo autora. Mas no quesito terror, acho que ficou devendo. No entanto, relacionar o ofício de historiador ao celébre personagem de Stoker foi uma sacada muito interessante.
    Um abraço!

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  2. eu sou louca pra ler esse livro!
    eu amo história!
    mas nunca acho ele pra comprar, acredita?? fico na vontade de ler...

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  3. Não consegui terminar de ler esse livro. Juro que tentei ... e tentei ....
    .
    Foi uma grande decepção! Cansativo e monótono ao extremo.

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  4. Estou lendo e já passei da metade. Não consigo parar. Mas ainda estou esperando perder o sono com o que li.Nada ainda...

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  5. Eu como curto muito o fundo histórico, apreciei bastante a obra, mas também achei o final decepcionante, afinal não estamos falando de qualquer um, mas de um cara que conseguiu espalhar o terror por cerca de 500 anos!! Mas gostei bastante do livro, me lembra o autor Mika Waltari, porém mais extenso... rsrs.

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